sábado, 29 de dezembro de 2018



Soldado do amor.

Será que sou o que te ama tanto?
 Será que podes saber o quanto?
 Será que ama-me o tanto quanto?

Não há razão para saber, entender e muito menos dizer.
 Para amar, não há porque declarar, declamar.

Apenas baixe a guarda e renda-se.
Desarme-se das armas que me machucam,
 pois já descarregou  em mim toda sua munição,  
convalescente está agora,  meu coração.

Quero apenas a paz do seu abraço,
  no calor dos seus braços, 
pois não há motivos para guerra declarar, 
para aquele que só quer te amar.

Não quero guerra,
 nem ter ódio ou rancor,
quero apenas ser,
 um soldado do amor

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018


Resgatando o amor desperdiçado.

Filósofos, poetas, escritores podem tão magnificamente discorrer sobre o amor, porém, jamais podem, pois, decretar o que é realmente o amor. Posso eu aqui expressar-me nestas entrelinhas, as mais esplendidas e elaboradas palavras, rimadas e harmonizadas poeticamente, porém, elas jamais traduzirão o que de fato há no meu coração e na minha mente. Sei que estou longe de ser aquele ideal de amor, pois, sou por demais, imperfeito demais, e a culpa diariamente faz-me companhia, me fazendo sentir remorsos, porque sei que posso ser alguém melhor.

Minha pequena, sei que não sou o que mereces ter, estou tão longe de te corresponder, isso maltrata-me internamente, porque sei que foi você que resgatou-me de meus anos de repleta solidão.
Dos meus anos que desperdicei amor em caricias desesperadas, em noites obscuras e atormentadas.
Vivia anos de repletos vazios e sem significados, uma vida somente  de amores desperdiçados.
Buscava pensar naquilo que estava sentindo e sentir aquilo que estava fazendo, mas não necessariamente me envolvia em nada.
Às vezes me olhava no espelho e em meus olhos via uma fome e um grito desesperado, que rasgava a madrugada clamando em gritos insonoros, mas o que tinha eram apenas resquícios de afetos despedaçados.
Talvez um dia serei quem devo ser, pois, a cada dia quero e tento  sepultar um pouco do meu velho eu, que sei que existe com estes demônios meus, mas peço em súplicas, em meu oculto, ajuda a Deus, pois sei que foi Ele quem me colocou nos braços seus e, por meio deles, acolheu-me junto ao seu lindo  coração, que resultou num precioso fruto de nossa união.
Talvez um dia serei um homem melhor, pois aos poucos estou saindo dos meus escombros, de meus destroços, mas até agora  estou fazendo  o melhor que posso, para que o seu TU com o meu EU sejam o Nosso, porque com você ao meu lado, tenho resgatado todo o meu amor desperdiçado.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018


Ego Pensante.

Às vezes me confino em pensamentos e percebo o quanto me vejo restrito a meus sentidos,
que pelos quais permito-me envolver em suas sensações, que inevitavelmente, em certo, grau influenciam-me em certas questões e concepções.

Notavelmente abrangem-se possibilidades de autodescobertas,
pois sentir a si mesmo naquilo que for genuíno e real, possibilita enxergar sua própria natureza em seu íntimo verdadeiro,
nesse oculto e solitário momento,
sem o menor receio,
sem se preocupar com julgamentos alheios.

Cria-se nesse exato momento uma oportunidade de encarar seu ego pensante, seu ego arrogante e intolerante, aquele que se reprime diante das conveniências,
que se perfaz sob o controle de sua consciência.

Nesse instante, pelo menos momentaneamente,
há uma libertação desse ilusório que atua cotidianamente,
dessa escravidão autoconsensual,
permitindo-nos conhecer o que de fato em nós é real.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018


Vida: o grande jogo de fantoches

Se a vida vale a pena a ser vivida, para tal, qual felicidade deve ser adquirida? Como obter da felicidade a melhor medida? Devemos nos imbuir com elevadas expectativas?
Nessa comédia e tragédia da vida, devemos  participar dela como espectadores e atores ao mesmo tempo, por que a  maior comédia é a busca da felicidade, pois por ela sempre  nos esforçamos em ser algo para os outros,  findando nos perdendo de nós mesmos.

Voltando-nos contra nós mesmos  até, pois o Ter nos tem, como se nada de nós mesmos em nós  houvesse, tendo-nos a nós como se não tivesse. Não podemos escapar de nós mesmos e nem muitas vezes impedir que nos arrastem para o mundo das posses e para o mundo dos outros.

Eis o espinho mais doloroso, o mundo dos outros inseridos dentro de nós. Espinho fincado em nossa própria carne, sofrimento sangrado, que necessita ser extirpado, arrancado.

Assim a sociedade é esse antro de inautenticidades, sem compaixão, sem pudor e detentora de uma superioridade, mas que por meio dela nunca se obterá a felicidade, porém apesar da sociedade. Não podemos deixar de estar nesse jogo, mas que o façamos com o devido ceticismo  e desencanto, invertendo apostas e conferindo tão pouco crédito aos resultados desse jogo, o quanto nos seja possível.

É viver “como se”, melhor técnica a ser utilizada  nesse jogo  da vida,  pois quer queiramos ou não, cada um de nós temos que participar do “grande jogo de fantoches” que é a vida, porém, mas conscientes dos fios que nos movimentam, pois assim podemos observar o teatro em sua totalidade, por que ora estaremos no palco, ora estaremos na plateia, e assim, pela autopercepção, nos contemplaremos como atores e como espectadores.

Desta forma, pelo  arejamento da lucidez, poderemos saber quando nosso  eu acontece por si mesmo, permitindo-se que se realize sozinho, por que essa lucidez nos fará perceber que na vida habitual de todos os dias, não somos, de forma alguma, a mesma pessoa dos momentos mais elevados da nossa existência, de nossas potencialidades.

Muitas vezes eu mesmo me assombro sozinho com certas coisas que faço, porém procuro não mesclar  o eu que faz com o eu que observa o que faz, pois ambos, apesar de estarem em mim, o eu que representa, o que atua, o que executa as minhas potencialidades, não pode apoderar-se de minha personalidade, do meu eu real e habitual. Que é aquele meu eu comum, do dia-a-dia, da intimidade, de minha particularidade com suas falhas, defeitos, erros e acertos. Em suma, do meu eu humano, demasiadamente humano.


A grande massa e o homem-massa-médio.

A massa é o conjunto, a aglomeração, espécie de coletividade sem específica qualidade. Não se trata de classes sociais, pois todos nós pertencemos, a priori, a massa e dela só emergem os que alcançam maioridade intelectual, cujos pensamentos derivam-se de ponderações reflexivas próprias.

Ao contrário do que a massa pensa, o verdadeiro homem seleto ou da minoria, não é aquele tipo petulante que se acredita superior aos demais, mas sim aquele que exige de si mesmo cada vez mais, como disse um filósofo, não se trata de classes sociais, mas de classes de pessoas.

Das massas, em geral, sai o homem-massa-médio, aquele tipo que tem muitas opiniões, mas não conhecimento. A massa se monstra aberta e receptiva a esse homem medíocre cheio de opiniões, e que, por conseguinte, ele acaba se tornando uma espécie de intelectualóide das massas, e assim todos ficam como boias à deriva.

Os intelectualóides das massas acreditam serem formadores de opinião, e de fato o são para a massa, pois de certa forma detém algumas habilidades persuasivas, leem ou estudam um pouquinho mais, ouvem noticiários e outras opiniões com mais frequência do que as massas.

Eis que surge o homem-massa-médio, o intelectual das massas, alguns até publicam livros, dão palestras, transformam-se em gurus, cuja sapiência transcende para além das verdadeiras produções intelectuais, que demandam anos de estudos, pesquisas, mas o homem-massa-médio, que, ao deparar-se com algum assunto que nunca se ocupou e se vier a lê-lo (no caso ele não lê, mas apenas olha), nunca será com intuito de aprender algo dele, mas, muito pelo contrário, ridicularizará e julgará, por que não estará de acordo com as vulgaridades da sua cabecinha.
As massas sufocam tudo que é diferente, individual, qualificado e seleto, pois quem não for igual a todos e não pensar como todo o mundo, estará fadado à marginalização social, pois o caráter das massas triunfa hoje em todas as áreas da vida.



Em meus escritos, tudo que absolutamente é discorrido, de fato não é para por todos serem lidos. Neles não há intenção de agradar a ninguém, você está por sua conta própria, pois não sou nenhum romancista e nem escrevo literatura, sou apenas um resultado de reflexões e muita leitura.

São pensamentos que apenas tento transformar em sentimentos, e sentimentos em pensamentos, por metáforas hiperbólicas enfáticas expressivas, até apelativas, ora racionais, ora emocionais.

Procuro esquivar-me do que for medíocre e comum.  O desafio é desvencilhar minha escrita do enfadonho, do tedioso, sem importar-me o que isso me custa, mesmo que cause repulsa.

Não quero seguir regrinhas deterministas, que limitam ao tolhimento intelectual e imaginário, reduzindo-me a um ordinário. Quero então ficar metamorfoseando-me,  gerundiando-me, neste constante contínuo infindo.

Não quero apenas ter aquela escrita de aparência, mas eclodir a mais autêntica essência.  A objetividade deturpa a criatividade, pois é do que está escondido que se destila o que melhor nos sacia, atiçando o mais viés das fantasias.

            É o descobrir de uma misteriosa obra de arte, aquele quadro por um renomado artista pintado, mas ao mesmo tempo saber que não existe nele nenhum sobre-humano com poder extraordinário, vide do próprio Picasso, naquele ditado: os bons artistas copiam, os excelentes artistas roubam.